Só me dê um pouco de tempo.
E com o tempo eu percebi que seu perfume era o mais comum que existia e que eu só passei a senti-lo sempre que eu saía na rua porque eu comecei a reparar muito nisso. Com o tempo eu entendi que você me substituiu tão facilmente que foi impossível não me abalar, ora, qualquer um se abalaria.
O tempo me fez enxergar que era só coincidência o vizinho ter seu nome, o padeiro, o menino lá da sala, o cara da academia.
O tempo me ensinou a te esquecer, quer dizer, a não me lembrar tanto de você, a gente nunca esquece totalmente, aliás, pra quê esquecer?
Eu só precisei de um pouco de tempo, e depois disso, ouvir nossa música ficou menos doloroso, lembrar do nosso banho de chuva e do nosso primeiro beijo se tornou algo completamente normal.
As cartas e aquele primeiro livro que você me deu ainda estão aqui, guardados numa caixinha em cima do meu criado, raramente sinto vontade de abri-la. E quando passo perto daquele ponto de ônibus, o lugar onde trocamos nossas primeiras palavras, não sinto mais a dor e a angústia que eu sentia. Esqueci a placa do seu carro e não te stalkeo nas redes sociais. Parei de tentar te encontrar em outros braços e de jugar o seu abraço como o melhor do mundo. E quando te vejo na rua não tremo mais, não fico sem jeito e nem com as pernas bambas, apenas sorrio e digo "oi", poderia passar reto, sem dizer nada. Mas eu não quero, porque eu não vou te apagar da minha vida, nem se eu pudesse eu te apagaria.
Hoje vejo que o tempo ajuda (e não é clichê não); nada como o tempo e seu poder mágico de colocar os pingos nos is, de consertar corações quebrados e de estruturar mentes desestruturadas.
Tenho aprendido muito com meu mais novo amigo: a esperar, a ser mais racional, a usar mais meu cérebro e principalmente a ser menos idiota, o tempo ajuda, sabe.
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